Proteção à indústria não pode prejudicar o agronegócio, diz CNA
A presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu, atacou em Pequim o suposto protecionismo a setores da indústria nacional e afirmou que o agronegócio não pode ser prejudicado pelo temor do segmento em relação à concorrência internacional, especialmente a chinesa.
“Nós não podemos mais ficar cerceados no acesso a mercados para proteger parte da indústria brasileira que não tem competitividade, que não investe em inovação”, afirmou a senadora do Tocantins em Pequim, durante inauguração, na semana passada, do escritório de representação da CNA.
Segundo ela, o agronegócio é muitas vezes prejudicado em negociações comerciais internacionais pela resistência de setores da indústria em reduzir barreiras às importações em troca da abertura de mercados a exportações brasileiras do setor.
A China é um dos principais alvos das medidas protecionistas, mas o país investiu em inovação e tecnologia e deixou de ser um fabricante de produtos de baixa qualidade e preço, disse. “Como é que o governo brasileiro vai proteger a indústria disso? A única forma é também investir em inovação.”
Na opinião dela, não se justifica o protecionismo a certas indústrias, entre as quais mencionou fabricantes de máquinas e equipamentos, autopeças e têxteis. “No Brasil nós moramos no mesmo território, o agronegócio e as outras indústrias, sob o mesmo juro, com as mesmas estradas, com os mesmos impostos”, observou.
A senadora disse que a CNA pressiona o governo para rever a interpretação legislativa que restringiu a compra de terras no Brasil por estrangeiros. “Já estamos perdendo investimentos importantes de vários países por conta da nova interpretação.”
A posição restritiva foi adotada em 2010, depois que estatais chinesas manifestaram a intenção de comprar grandes extensões de terra no Brasil para a produção de soja.
Vendas. O objetivo da CNA com o escritório em Pequim é ampliar e diversificar as exportações de produtos agropecuários à China, com ênfase em carnes, suco de laranja, café e produtos florestais, como celulose.
Atualmente, as vendas são extremamente concentradas em soja – que respondeu por US$ 12 bilhões dos US$ 16 bilhões de exportações do agronegócio para a China no ano passado. Segunda maior economia do mundo, o país vive um processo de elevação da renda de sua população de 1,3 bilhão de pessoas, que deve se traduzir no aumento do consumo de alimentos nas próximas décadas.
Além de pretender conquistar parte desse mercado, a CNA também quer atrair investidores chineses para obras de infraestrutura no Brasil que ajudem a resolver os problemas logísticos de escoamento da produção do setor.
A matéria é do O Estado de S.Paulo, adaptada pela Equipe AgriPoint.
Fonte: Portal Café Point