Procafé: alternativas para reduzir o uso da mão de obra na cafeicultura de montanha

Por José Braz Matiello 


Fonte: Portal Café Point
Publicação: Fundação Procafé
Divulgação: Assessoria de comunicação Sindicafé ES
 
A cafeicultura de montanha é responsável por um volume de produção anual de cerca de 13-15 milhões de sacas de café no Brasil, sendo a principal fonte de empregos e renda no setor agrícola daquelas regiões. Mas, apesar dos grandes avanços já obtidos, as suas perspectivas não são boas, diante do fato da mão de obra, usada nos tratos e na colheita, estar se tornado cada vez mais cara, escassa e de baixa produtividade.

A mecanização da lavoura, com o maquinário normal, tratorizado, não se mostra possível diante da topografia desfavorável das áreas. Assim, apenas algumas poucas práticas podem contar com um certo nível de mecanização, embora ainda com pequena abrangência. Cita-se a possibilidade de usar uma perfuradeira motorizada na abertura das covas de plantio, o uso de canhões atomizadores nas pulverizações, o uso de pulverizadores motorizados costais de operação manual e o uso de derriçadeiras motorizadas, também de operação manual, para a derriça do café, cuja utilização vem crescendo muito.

Para tornar a cafeicultura de montanha mais competitiva três alternativas se apresentam – a primeira seria a adaptação de máquinas de colheita menores ou mesmo as normais, para seu uso nas pequenas partes das áreas onde a topografia for inferior a 30%. A segunda seria a adaptação do terreno para a entrada de máquinas adequadas e a terceira prevê a adequação das plantações, com sistemas de plantio e podas, para facilitar o trato e a colheita, com o uso de sistemas simplificados e maquinas motorizadas de operação manual.

O aproveitamento de áreas menos declivosas das montanhas, topos e encostas suaves, tem despertado interesse, mas exigem muito trabalho e gastos na adaptação do terreno e das lavouras. Porém, mesmo assim, vai atingir uma pequena parte do parque cultivado, já que áreas com menor declividade são escassas dentro dessa região.

A adaptação do terreno para facilitar os tratos e a colheita vem sendo demonstrada viável na prática de algumas fazendas, na região da divisa do Sul de Minas com São Paulo, através do uso do micro-terraceamento nas ruas do cafezal, para ali poderem transitar os tratores estreitos, com seus implementos. Porém, a técnica atualmente usada preconiza o uso de tratores traçados, operando de marcha-ré, com lâmina traseira. Embora ainda não se tenha trabalhos científicos sobre o tema, têm sido observados problemas quanto ao custo elevado da prática e seu risco operacional. Ultimamente, tem havido experiências mais favoráveis com o uso de pequenos tratores de esteira operando de frente e de uso de BobCat de esteira, munido de concha escavadeira e de lamina dianteira esta somente para acerto do terraço. 

No foco de adaptação da lavoura já foram feitos avanços significativos, com o uso do adensamento de plantio, até o super adensamento com recepa em ciclos curtos, com o objetivo de sempre colher lavouras novas, com plantas de porte baixo. O adensamento é um fator que otimiza a utilização dos terrenos, intensifica a cultura cafeeira e aumenta sua produtividade, característica esta básica na redução dos custos de produção. No entanto, o adensamento dificulta, até certo ponto, os tratos e a colheita.

Para facilitar os tratos, especialmente na colheita do café, são propostas duas novas linhas de trabalho. A primeira prevê a derrama progressiva dos ramos laterais baixos dos cafeeiros, mantendo a lavoura mais livre em baixo, o que facilitaria a colheita, de baixo pra cima, com o uso de derriçadeiras costais motorizadas. A segunda prevê uma colheita simplificada, de maior rendimento, com o uso de batidas de varas sobre os cafeeiros, acoplada ao esqueletamento das plantas, no sistema safra zero.

Aliás, o sistema safra zero, com a poda de cerca de 50% das lavouras em cada ano, para a colheita somente de parte delas num determinado ano, com plantas bem produtivas, podendo-se acoplar a colheita com a poda prévia, ou seja, com a colheita de ramos, é uma ótima alternativa na facilidade de colheita na cafeicultura de montanha.

A pesquisa deve, portanto, dar prioridade a novas formas de viabilizar maior nível de mecanização dos cafezais em regiões montanhosas, quem sabe desenvolvendo maquinário totalmente novo.

Enquanto isso, devem ser aperfeiçoadas e adotadas novas formas de manejo, com sistemas de plantio, podas, terraceamento e outras, práticas já citadas, visando sistemas de colheita mais econômicos. 

As informações são da Fundação Procafé.

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