Exportações brasileiras trazem dúvidas sobre estoques e pressionam café, dizem especialistas

Divulgação: Assessoria de Comunicação Sindicato Patronal do Café (exceto varejista) e Armazéns Gerais ES.

Na semana entre 6 e 10 de abril, cotação do arábica perdeu mais de US$ 0,10 na Bolsa de Nova York, apesar da desvalorização do dólar no período

POR RAPHAEL SALOMÃO

O preço do café arábica na Bolsa de Nova York teve uma semana de queda. Entre os dias 6 e 10 de abril, a cotação caiu mais de US$ 0,10 nos principais vencimentos, depois de ter fechado em alta na segunda-feira (6/10). O contrato de maio de 2015 baixou de US$ 1,4690 para US$ 1,3515 por libra-peso. Julho de 2015 caiu de US$ 1,4880 para US$ 1,3785. Isso mesmo com a desvalorização do dólar ocorrida no período.

“Além dos rumores infundados sobre o tamanho da próxima colheita nacional, o fato das exportações brasileiras permanecerem em níveis elevados também pressiona os preços do arábica”, comenta o Conselho Nacional do Café, em seu balanço semanal sobre o setor.

Na avaliação da Archer Consulting, a alta ocorrida na segunda –feira (6/10) foi uma euforia que durou pouco, seguida por um forte movimento de liquidação de posições. Em boletim semanal, os analistas da consultoria observam que o interesse de venda está maior com a cotação abaixo de US$ 1,50 por libra-peso, “talvez pela proximidade da colheita da safra brasileira” .

“Para o deleite dos baixistas as exportações do Brasil em março registraram um novo recorde para o mês e no acumulado do atual ciclo (julho a março), se situando inclusive acima das exportações da safra 10/11 quando então o Brasil colheu a maior safra de sua história”, comentaram.

Diante da situação, o peso da divulgação de safra feita dos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 9 foi praticamente nulo, conforme a Archer Consulting. De acordo com o instituto, só de café arábica, a colheita deve ser de 31,34 milhões de sacas, uma queda de 1,9% em relação à colheita do ano passado.

“Os embarques volumosos da principal origem deixam um ponto de interrogação naqueles que acreditavam em um estoque de passagem baixo ou uma produção da safra 14/15 menor”, diz a consultoria.

Para o Escritório Carvalhaes, de Santos (SP), o atual ritmo das exportações provoca uma preocupação com os estoques de café brasileiro . Mas a corretora avalia que a tendência é a safra atual terminar com “poucos lotes” nos armazéns. Também em boletim semanal, Carvalhaes lembra que ainda há três meses da safra 2014/2015 a serem cumpridos.

“Mesmo que os embarques dos próximos três meses caiam para uma média mensal de 2,5 milhões, serão 7,5 milhões de sacas a menos que, somadas ao consumo interno brasileiro no mesmo período, aproximadamente 5 milhões de sacas, totalizarão nesses três meses um “desaparecimento” de mais 12,5 milhões de sacas”, avalia a empresa.

Em entrevista na edição de abril da revista Globo Rural, o sócio-consultor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, destaca que “existe forte desconfiança do mercado quanto a real tamanho da safra brasileira”. Na avaliação dele, se a colheita brasileira deste ano ficar em torno dos 45 milhões de sacas, os estoques tendem a cair. As exportações é serão a referência para o posicionamento do mercado.

“As exportações brasileiras têm vindo muito altas. Acho que o mercado pode voltar a reagir se as exportações caírem para 2 milhões de sacas, pois é sinal de que não tem café”, diz ele.