Instabilidade climática atual exige atenção em lavouras de café do país

Nos últimos dias a falta de chuva foi marcante, além do Nordeste, também em Minas Gerais, Goiás e na porção Norte do Mato Grasso do Sul. Todavia, em Minas Gerais é esperado chuva acima da média para o mês de março. 

Na região Nordeste do Brasil a probabilidade é de que no mês de março as chuvas ocorram abaixo da média do período na área que vai desde a região metropolitana de Salvador, passando pelo Nordeste baiano, pela porção Norte do Vale do São Francisco, pelo Sudeste piauiense seguindo até o Leste maranhense, bem como nos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também deverão apresentar chuvas abaixo da média nos próximos meses. 

No mês de março há probabilidade de as chuvas ocorrerem acima da média normal do período no Leste do Triângulo Mineiro e na porção mais ao Norte da mesorregião do Norte de Minas, assim como também na região do Sul de Minas, Campos das Vertentes e Oeste de Minas. Nas demais regiões de Minas a chuva deve ficar somente um pouco acima da média esperada para o período, com exceção da porção mais ao Leste da Zona da Mata, que deverá ficar dentro da média normal. 

Devido ao baixo volume de chuva nos dois últimos meses na região cafeeira do estado de Minas, em algumas lavouras pode ter ocorrido a deficiência nutricional induzida pela dificuldade de absorção de nutrientes pelas plantas, principalmente de fósforo e boro. As condições climáticas reinantes também têm favorecido o aumento do ataque do bicho mineiro, que reduz a área foliar pela desfolha e a rápida evolução da cercosporiose, principalmente em algumas cultivares tolerantes à ferrugem. 

Após o período que é por muitos considerado como estiagem, onde a planta de café enfrentou estresse por déficit de água, e diante da probabilidade de ao longo do mês de março as chuvas ocorrerem acima da média normal do período em Minas, o monitoramento e o controle da infecção da ferrugem e da phoma devem ser intensificados, já que a ocorrência dessas doenças pode ser maior com o aumento da umidade relativa do ar decorrente das chuvas. 

Com relação aos fenômenos El Niño e La Niña, o atual período do ano é considerado de neutralidade (sem El Niño e La Niña). Com base nas temperaturas atuais dos oceanos, a condição neutra deverá prosseguir durante o outono e o inverno. Todavia, apesar do período marcado pela maior probabilidade da ocorrência de condições climáticas dentro das médias normais para o período, para o estado da Bahia, na porção Sudeste da mesorregião do Extremo Oeste baiano, no Sul do Vale do São Francisco e na porção Oeste da mesorregião do Centro Sul baiano, as chuvas deverão ocorrer acima da média. 

As chuvas acima da média também poderão ocorrer na região Noroeste, no estado do Paraná e nas regiões de Presidente Prudente, Araçatuba, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, e nas regiões Noroeste e Norte do Espírito Santo. 

Com relação à temperatura, nos próximos três meses há probabilidade de que ocorra acima da média para quase todo o Brasil. Para março, a probabilidade é de que os valores de temperatura acima da média ocorram na área que vai desde o extremo Oeste baiano, passando pelo Nordeste mato-grossense, seguindo pelo Sudoeste paraense até o centro Norte piauiense. Temperaturas abaixo da média poderão ocorrer no Sudoeste do Rio Grande do Sul. 

A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foram elaborados com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais e principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Foram consideradas ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA, Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade — IRI, Met Office Hadley Centre, Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF, pelo Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e dados climáticos do INMET/INPE. Deste modo, a EPAMIG não se responsabiliza pelo uso indevido, por parte de terceiros, das informações aqui disponibilizadas. 

Williams Ferreira – Pesquisador da Embrapa/EPAMIG na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais.williams.ferreira@embrapa.br (ou) williams.ferreira@epamig.br 

Marcelo Ribeiro – Pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café.mribeiro@epamig.br

Bahia

De acordo com o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Café- Assocafé, João Lopes Araújo, o risco de abandono da atividade por muitos produtores é iminente. “Esta seca é a mais severa da história da Bahia e o agricultor está sofrendo demais. Ainda que acabasse hoje, o problema se estenderia por pelo menos mais uma safra. É preciso um trabalho grandioso e imediato de liberação de crédito para recuperação dos cafezais”, afirma Araújo.

A necessidade de programas emergenciais de apoio à cafeicultura é uma das prioridades da Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia, e, segundo o secretário Eduardo Salles, o Agrocafé será fundamental neste momento para discutir com o Governo saídas para o problema. “O estado é o quarto maior produtor nacional de café, e esta é uma das atividades que mais empregam mão-de-obra no campo. Estamos trabalhando com as instituições financeiras para a disponibilização de linhas de crédito específicas para socorrer o cafeicultor neste momento de crise”, afirmou o secretário.

As informações são da Epamig, do Portal do Agronegócio, do Agrocafé e de Safras&Mercado, adaptadas pelo CaféPoint.


* Fonte: Notícia do portal Café Point